Parentes queridos parentes

O que são parentes? Como surgem? São importantes? O que nos acrescentam? É sobre essas questões que me proponho a pensar e falar mais do que qualquer coisa. Não que outras coisas não sejam importantes.

11 de jan. de 2018

Alvaro

Tenho dois cunhados. Sou muito bem servida desses parentes. Minhas irmãs souberam escolher muito bem.

Nesse ano que passou meu cunhado Alvaro esteve muito doente. Quando digo muio doente é verdade. O que passamos nesses trinta e tantos dias só dá para contar em rápidas pinceladas mas que nunca será tão tocante, tão pungente como ter vivido.

Minha irmã Wanilda, esposa dele, tem sido uma fortaleza. Mais do que isso tem sido fora de série no trato em todos os sentidos do marido. Seus filhos, Aline e Arthur, se revelaram verdadeiros "filhos da mãe" . Dão apoio para o pai e para a mãe guardando as diferenças e necessidades deles e não os abandonaram em nenhum momento.

Estou muito orgulhosa dos dois.

Alvaro esta com Parkinson (http://www.scielo.br/pdf/anp/v53n1/01.pdf) e nunca poderia imaginar que acharia que isso é light perto de como ele está hoje. Mas é verdade. Junto com isso apareceu o Corpos de Lewy (https://pt.wikipedia.org/wiki/Dem%C3%AAncia_com_corpos_de_Lewy). Ou seja, meu cunhado está demente.

Não acreditávamos que ele iria sobreviver a tanta dor, tanta fragilidade, tanta agonia como foi nesse mês de dezembro e inicio de janeiro. E não sabíamos como vivenciar o desconhecimento dele ou os parcos lampejos de consciência que teve nesses mais de 30 dias.

O Alvaro sempre foi uma figura marcante em todos os aspectos. Quem o conhece sabe como sua presença é forte, engraçada e original. Vê-lo como esta hoje, um pouco recuperado, não acredita que seja o mesmo homem que esteve quase morto e muito menos que seja o mesmo ser humano (que saiu do hospital depois de 32 dias sendo que a maior parte na UTI e semi-UTI)

Precisou ir para uma clinica pois devido a demência precisa de acompanhante 24 horas e todos precisam trabalhar para, entre outras coisas, custeá-lo.

Estou muito triste com tudo isso. Não é uma tristeza chorosa e sim uma tristeza que vem de se saber finito. De repente vejo que envelhecemos com toda as sequelas que vêm com isso.

Não tenho saco para usar as mídias sociais, pois me irritam. Não tenho saco para responder a qualquer um pois estou mergulhada em mim mesma, ou seja, ensimesmada. Reflito sobre o resultado disso tudo e sua repercussão em minha família e em mim. Tenho preguiça de abrir a boca imagina  digitar nas mídias??? coisa que se tornou obrigatória mas que não me pega. Pode ser quem for não me pega. Dou uns raros pitacos mas até isso estou largando. Desculpem-me a franqueza mas acho um saco  e supérfluo.

Quem captou bem esse meu jeito de ser foi meu irmão André que lendo o jornal numa certa ocasião disse: " Wania, vc viu que saiu no jornal? Não, não vi. Ah!Está aqui, veja..." e sacou uma charge do Charlie Brown que tinha a Lucy resmungando em um quadrinho "Hoje não quero saber de ninguém". No outro quadrinho ia andando e resmungando: " Não falem comigo" e mais um quadrinho onde dizia que iria para seu quarto para no ultimo quadrinho aparecer deitada numa almofada com uma cara cruel dizendo: "Hoje só vou deitar na minha almofada d´água e sofrer!" .... Pois é, essa sou eu.

Outro dia achei esse quadrinho mas não sei onde guardei-escondido. Quando encontrar (sem procurar) colocarei aqui.


Tenho fotos melhores mas estou sem vontade de procurar. Vale para o que pretendo.

16 de jul. de 2016

Nova prosa

Oi,
Nao vou nem comentar o abandono do blog. Agora que eu vi que não escrevi nada sobre os 90 anos de minha mãe ...... droga!

Bom estou passando roupa. Percebi que as famílias, antes de seus filhos começarem a casar e a sair de casa eram muito mais organizados e praticas afinal nao se podia largar roupas sujas e lavadas e nao passadas por aí. O problema (ou solução) é que as camas todas eram ocupadas, os quartos idem, então: agilidade minha filha o povo tem de dormir. Quando os filhos casavam ou ou saiam de casa os quartos antes ocupados sobraram e, então , guardamos roupas que serão passadas ali de tal forma que vc nao entra de tanta roupa.

Estava fazendo essas digressões com minha mãe no almoço quando ela falou: Eu me lembro quando o Simões ficou noivo da tia Suzana. Foi lá na fazenda da Pedra Branca (sede da família onde meu bisavô e a avó Melica moravam). - Fiquei aguardando o prosseguimento da prosa - continuando ela comentou, o Tonicao foi um homem de valor pois trabalhava no retiro * da fazenda dele e depois de adulto resolveu estudar, se formou e passou a ser Dr Simões o que intrigava muita gente que teimava chama-lo de Tonicao. Tornou-se prefeito de Paraíso, senador etc e tal.... Homem de valor.

*retiro é o local onde se tira leite de vacas.

Nao levando em paciência perguntei: Mãe o que o Tonicao tem a ver com passar roupa? Ah! Eu estava lá e adorava ver as empregadas passando roupas. Eram 4 duas de cada lado da mesa balançando os ferros e passando lençóis , toalhas, roupas e tal. Uma beleza. Os lençóis eram branquinhos e ficavam lindos. Perguntei: mãe, elas ficavam passando roupa o dia todo? Naaao! Tinha hora. Era das 16 horas em diante. Ahhhh!

Mãe o que vc estava fazendo lá? resposta: Passando ferias com a Lourdes ( a tia caçula de minha mãe da mesma idade dela) A senhora era criancinha? nao, eu já estava em condições de assistir a posse dele. Era moça.

Me fale mais sobre a passada de roupa mãe ..... Ah eu adora ver aquelas mocas passando as roupas; ficavam lisinhas e a montanha ia aumentando....
Foi por isso que a senhora passa tão bem roupa? Nao, isso foi a tia Filhimha que me ensinou. Enquanto deixava uma marquinha tinha de repassar.

Mas acho que a senhora já tinha atracão pela coisa pois eu sempre achei bonito fazer bolo mas nunca fiz. Preferia ficar na sala lendo e esperando ficar pronto.

Penso que as coisas tinham um ritmo mais gostoso antigamente pois hoje ninguém repara em ninguem passando roupa. A nao ser a Sophia daquela vez que quis passar roupa e a gente teve de abaixar a mesa para ela passar uns paninhos. Ela achou o máximo .... Mas, de certo, já esqueceu.... Adoro esse "de certo".......

A senhora nao gosta mais de passar roupa né mãe? nao é isso. É que hoje nao importa mais passar tão cuidadosamente e só sapecar que pronto.

Fiquei pensando que devo ser um pouco parente daquelas mulheres passadeiras pois adoro lençóis bem passados com marca da dobra passada ao estica-los nas camas. O problema é que nao tenho mais força para passar um quarto de roupas. Se fosse antigamente eu passaria todo dia e ainda nao gastaria luz pois seria ferro em brasa e deixaria acumular.

É viver hoje tem vantagens e desvantagens. Que clichê!

10 de set. de 2015

Uma curiosidade de nosso blog: Se ouvir vai saber

Flavia, minha prima filha de tia Wayne, irmã de minha mãe, nos presenteia com esse pequenino post:

Um momento muuuito diferente estou vivendo:
meu Querido Marido Jose Carlos está viajando,
minhas filhas trabalhando, uma em Curitiba e outra em SP,
minha secretária doméstica de férias...
Peculiar
E fui almoçar panquecas feitas por Renata - muito gostosa - e escutei mais histórias de minha mãe:
Lembrou que Tia Waldete - já viúva do tio Walter, ficava passando roupas, a Vó Hilda costurando e também escutando a Rádio de Juiz de Fora onde Tio Adenir trabalhava e mandava, todos os dias, um "boa noite Waldete".
Histórias....

É assim em nossa familia quando nos dispomos a ouvir sempre temos algo a mais para dizer.
Obrigada, Flavinha


Como podem observar uma mesa é muito importante para nós

2 de set. de 2015

Outra conversa de almoço

Sua avó nunca gostou de se meter na vida dos outros, diz minha mãe na hora do almoço, mas quando algo não estava de acordo em sua cabeça ela sempre dava um jeito de resolver.

Ficou sabendo lá na fazenda que a Marocas iria deixar a casa dela para o Padre João quando morresse. Ah, não deu outra: desceu pra cidade e foi conversar com ela. (Interrompi para perguntar se ela estava junto e minha mãe confirmou). Lá chegando foi logo dizendo: Oh Marocas, por que você vai deixar a casa para o PE João? Se padre tem lugar para morar, para ficar e tudo mais? Por que você não deixa para o Gustavo já que o pai dele ajudou na construção, a mãe dele ajudou (Jenny)? Ele precisa mais que o padre, larga a mão disso. E assim foi feito.

O que me chamou a atenção foi a não discussão sobre o pragmatismo da morte. Ou seja, quer morrer, morre, mas faz as coisas direito

As coisas eram muito diferente naquela época minha filha; imagine só que quando vovô Brandão morreu ninguém podia ligar radio, cantar e muito menos tocar piano. Por conta disso que parei de aprender a tocar piano. Uai mãe por quê? Por que já que não poderia tocar piano em casa eu e a Waldyra fomos aprender na casa do professor. Durante a aula o professor que estava segurando um canivete bateu em minha mão porque eu errei uma nota. Sai de lá chorando. Ao passar na frente da casa do Tio Lincoln ele me viu chorando e perguntou o que havia acontecido e a Waldyra contou. Pra quê... O tio saiu de casa e acabou com a aula de piano e disse que ninguém iria aprender  mais nada. Acho que aquele professor era meio "detraquê" (sic),  minha filha, imagine que ele apaixonou pela irmã do padre e era casado... Pode? Já deve ter morrido também. ... É acho que sim, mãe. Mas ele ficou com as duas? Sei lá.... foi a resposta.

Tenho uma birra dessas questões sem respostas.... As pessoas de nossa família, da geração anterior a nossa eram pouco curiosas...

Continuou ela: Já quando a vó Laura morreu foi a mesma coisa:  nada de ligar radio, cantar etc e 'tar'. Você era muito pequenininha e com o Waltinho não pude ir ao enterro. Foi um enterro muito concorrido. A Radio ficou falando a semana toda sobre a vó Laura, uma beleza! Mãe, mas se não poderia ouvir radio como a senhora soube? Por que sua avó Hilda não queria saber dessa coisa de não ouvir radio e ouviu tudo na fazenda.

Fiquei pensando: Acho que nossa avó era uma contraventora, né?




29 de ago. de 2015

Término da revolução de 32 e nosso avô libertado



Lá pras bandas de outubro de 1932 meu avô foi libertado da prisão. Minha avó Hilda catou seus filhos da época, um carro de boi e tocaram lá para o Capivari na fazenda da Tia Bem. Não sabe porque cargas d'água nosso avô sairia por ali para voltar pra fazenda dele, afinal mamãe estava com 6 para 7 anos.
Esta bem nítido na cabeça dela que na volta eles precisavam passar em todas as fazendas para cumprimentar os parentes. A cada fazenda que chegavam impressionava a limpeza das casas, das roupas brancas de doer os olhos nos varais, com chão brilhando preparada para receber o Dito do Ananias. Meu avô descia e contava tudo que havia acontecido, respondia perguntas e mais perguntas, comiam, despediam e partiam.

Deve ter sido um viajão.

Ao chegar na Fazenda do Tio Américo, irmão de nosso bisavó, algo insólito aconteceu que deixa até hoje minha mãe intrigada: Ele estava sentado olhando pela janela pasmaaado (esses `as` são a ênfase de minha mãe) e lá fora, no curral estava a mulher dele andando de um lado para o outro sem parar. Mamãe disse-me que pensou que aquilo era esquisito mas não falou nada, afinal naquela época criança não fazia perguntas. Falou que viu um dos filhos ir até o curral e chamá-la dizendo que o Dito do Ananias estava ali e que ela deu de ombro e continuou a andança.
Perguntei se por acaso alguém havia morrido e minha mãe disse: “ Sei lá , minha filha. Devia ser loucura mansa mas na época deviam pensar que era normal” Ou seja, conjecturas do futuro no almoço de sábado.

Numa das fazendas que pararam minha mãe ficou absolutamente encantada com um galinho garnisé e pediu para o vovô de presente. Em seguida ela lembra da minha avó falando que não, que iria misturar com as galinhas grandes, que daria trabalho, etc e tal. Ela contou-me que só queria saber do galinho que era uma belezim. Um dos primos acabou pegando o dito cujo e deu pra ela. Ficou todas feliz.
Mal sabia o trabalho que esse galinho iria dar na viagem especialmente quando resolvia sair subindo pelo corpo dela até a cabeça para fugir e o povo1 a pegar. Foi um trabalhão mas ela adorou. Acho que a viagem foi mais rápida.

Ela lembra ainda que num determinado momento sentiu sede e que pediu água e a vovó ficou brava pois tinha acabado de sair da casa da avó Laura. Mas não é que na beira da estrada deram uma caneca tão suja que ela olhava a caneca e a água e não sabia o que fazer. Resolveu pela técnica de fingir que bebeu um pouquinho e devolveu agradecida e foi até a fazenda ouvindo minha avó falando do problema...
Ah! O que aconteceu com o galinho? Perguntei e ela me que nao sabe...

1Já disse anteriormente que POVO na minha família são mais de duas pessoas.

Abrindo 2015

Tantas coisas passaram... É incrível como passa rápido. 2014 terminou como se nem tivesse começado. As vezes penso que é a idade, em outras penso em outras coisas. O que quero dizer nao é nada disso. Estou aproveitando para abrir 2015, só isso.
Tenho algumas metas para atingir esse ano e vou fazer um esforço danado para chegar na reta final.
Uma das minhas metas será ler 100 livros. Já li 2 completos vejamos como vou me comportar. Um beijo para todos. Depois colocarei os dois aqui com data e tudo.


20 de nov. de 2014

XI Encontro dos Primos

Chegou o dia. 15/11/2014. Dessa vez no Encontro foi no sitio do Waltinho Brandão, lá no Machadão em Paraisópolis. Como em todos os demais tornou-se inesquecível.

Nesse encontro houve algo que confirma minha tese de que parentes ensinam mais do que imaginamos. Uma idéia muito legal de minha irmã Wanilda serviu de lição para as meninas e, por que nao dizer, para os meninos também.

Em primeiro lugar perceberam que gente grante conhece umas coisas muito legais que fazem todos esquecerem do celular. Iupiiiiiiii! Viva nós!
Vejam o texto abaixo de Wanilda e entenderão.

"Há onze anos minha família mineira agita um grande e prazeroso encontro dos primos.

Neste último fim de semana nos reunimos novamente em Paraisópolis, sul de Minas Geraiscidade onde nasci, para mais uma vez desfrutarmos da alegria, de abraços, e para matar a saudade.

Vem primos da Bahia, de Santa Catarina, de São Paulo, de Campos do Jordão, enfim, decabo a rabodesse Brasil de meu Deus!

Para a farra deste ano propus à mulherada uma "horinha de bordado e uniãopara construirmos uma toalha em patchwork! E elas toparam!

Entreguei, então, a cada uma delas, um paninho para que fosse desenhado o contorno de sua mão esquerda. Aí, sem censura e com alegria, a dona da mão foi convidada a bordá-la!

As mulheres presentes puderam, felizes, colocar as conversas em dia e, também, saborear o cafezinho com biscoitinhos bem mineiros!

Às que não puderam comparecer, tratei de lhes enviar um convite-paninho. E olha como mineira é rápida! receberam o insumo necessário para participar da nossa toalha, e aguardo o resultado de cada uma para sentar na máquina e montar a toalha Mãos das mulheres da nossa família.

Esse produto final será exposto para todos os primos no encontro de 2015.
Vou contar uma coisa: foi uma tarde muito agradável e divertida.

As que nunca bordaram na vida contaram com a ajuda das mais experientes! Aquelas que achavam que não tinham nenhuma habilidade, por fim, conseguiram nos matar de rir e produzir um bordado muito interessante! E as bordadeiras de longa data nos encantaram com sua destreza e seu capricho.

Observar as bordadeiras octogenárias mantendo seus olhos na agulha e, simultaneamente, conversando e rindo, foi emocionante!

Desde pequena tenho as irmãs da minha mãe como exemplo de vida.
Elas sempre bordaram, sem linha e agulha, no seu dia a dia, a honestidade, a coragem, a e o amor pela família.

Minha homenagem e meu agradecimento às tias Wilka, Waleska, Waldeneuza, Waldyra, Wayne, Wenilse e Walderez, e a minha mãe, a mais velha das irmãs Almeida, por ter me ensinado a enfrentar a vida com a cabeça erguida e com trabalho, muito trabalho!

O meu abraço agradecido a todas as mulheres da família que colaboraram com o projeto.

Pelas fotos para ver o quanto são especiais!"











Ah! Onde está Wally? Isto é, o celular? Procurem.

16 de out. de 2014

Passando roupa

Estava passando roupa e conversando com minha mãe. Algumas coisas me vieram a cabeça e comecei a chuva de questão: Mãe, vocês passavam roupas engomadas para dormir? Isto é, as roupas de cama? Quem passava a roupa quando a senhora era pequena? Penso que deve ser muito legal passar lençóis engomados, né?

Aí ela me contou que quando era pequena ia na Pedra Branca, na fazenda da vovó (dela) e adorava ver as negas passando roupas. (nega não tinha nenhum cunho escravagista, maledicente, etc e tal, viu o povo chato).

Adorava sentar perto delas pois normalmente eram 2 ou 3 a passar roupa numa mesa grande. Tinham vários ferros, todos esquentando na boca do fogão, cheios de brasa aguardando sua vez. Ela adorava vê-las passando pois parecia tão fácil... Uma vez ou outra aparecia uma adulta qualquer mandando ela não atrapalhar o serviço das passadeiras, porem mamãe enrolava e ficava por ali.

Estou contando isso por que pedi a ela varias dicas de como deixar os lençóis tinindo e ela ia contando e eu perguntando: Pq esta bosta não fica reta? É porque costuraram torto. Porque fica quebradinho o tecido? Por que o ferro não esquenta muito.

Vejam vcs um ferro que canta, dança, assobia, faz tradução mas é levinho e friozinho. Sai e comprei o mais barato no Makro que estava escrito: Ferro mais quente do mercado. Dois anos de garantia. É esse! Mas para ficar igual aos que as passadeiras usavam  é preciso peso do ferro, sabia?

Estou meio desenxabida com a politica e sem pique para escrever mas devo registrar que no meio de nossa prosa ela contou-me: " Quando a mamae (vó Hilda) estava grávida de mim  a sogra dela não sabia que estava grávida também por isso houve uma diferença entre a Lurdes e eu de 8 meses mais ou menos. Um dia a mamãe (vó Hilda) estava na janela esperando a tia Laura chegar de charrete para vir buscá-la para voltar para a fazenda, quando a tia Lourdes disse: Lala, lala!!!!! e a vo Hilda achou o máximo e começou a rir. Pois levou um dura de não sei quem. Não ria, Hilda, se não ela não falará mais....

No minimo intrigante esse comentário.

Vou deitar to desgastada.
Parentes queridos parentes fogão atualíssimo

Parentes queridos parentes. Fogão atualíssimo

Parentes queridos parentes Olhando pela janela da cozinha

20 de set. de 2014

O pássaro cuco e a múmia



Oi gente,

quanto tempo, pois é. Não dá para dizer a quantidade de experiencias e trocas que fiz ao longo desse tempo. Gostaria de registrar tudo mais tenho preguiça (um dos pecados capitais, Credo em Cruz!) que dá dó. Gostaria de ter um scanner de mente e colocar aqui. Seria bem legal.


Mas o que me trouxe aqui hoje tem a ver com o titulo e minha intenção primeira com esse blog, a saber: reproduzir experiencias que vivemos em nossa família que serviram ou servirão de exemplos educacionais. É aquela tese, lembra? Não é só a escola que ensina.


Um tempo atrás estava na casa de minha irmã Ly observando e babando em cima das crianças que são lindas, quando a Sophia abriu a porta da sala (que é de correr) que liga essa aos quartos e segurando a porta com uma mão e o batente com a outra gritou: " mãe, a Teresa fez tal coisa" e a mãe respondeu: Peça pra ela ficar quietinha pois eu vou já já falar com ela". Pensei com meus botoes: "Não vai adiantar nada". Dito e feito. Passaram-se alguns segundos quando novamente abriu a porta e disse: " Mãe, ela não quer ficar quieta". Respondeu minha irmã " Tô indo, espera aí". Passaram-se outros segundos e a porta foi novamente empurrada e ela berrou: " Mãe a Teteca não quer parar".... Aí, não levando em paciência, como diria minha avó, disse-lhe: "Nossa, Sophia, você esta parecendo um cuco" Pra quê! Saiu gritando chorando copiosamente dizendo que eu a havia chamado de pássaro cuco. Ai eu disse: Opa! Não senhorita, eu disse que esta parecendo um cuco" E toca a chorar, ficou de mal, me mostrou a língua, tudo que uma criança faz quando esta indignada e com fome como diz minha mãe. Passado um tempo a Ly me falou: O Wania, por que você fez isso etc e tal. E eu fui ficando um tiquinho sem graça. Passado um tempo fui atras dela e disse-lhe que queria conversar e ela ficou toda ofendida dizendo que eu a havia xingado e que isso não era certo e eu dizia que achava que ela não tinha me entendido, pois o que havia feito era uma comparação e não um xingamento e expliquei sobre o relógio cuco, como ele funciona, se ela conhecia, etc e tal. Não adiantou nada pois até hoje ela diz:"um dia você me chamou de pássaro cuco" e assim vamos vivendo essa vida. Penso que ela deverá fazer terapia por conta disso. Tadinha e ela nem parece um pássaro cuco.


Passa o tempo .Hoje, conversando com uma de nós primas: "Waninha, sabia que eu fui fazer terapia e deixei escapar que eu era chamada as vezes pela minha mãe e pelas tias de múmia!. A terapeuta ficou tao chocada que me vejo agora justificando a família, que eles na verdade não queriam me ofender, e sim dizer que eu era mole, devagar ou qualquer coisa assim. E não adiantou.... Não sei o que fazer."

Começamos a rir e pensei com meus botões se por acaso o povo, educadores, terapeutas e demais pessoas da área soubessem como já fomos nomeados pelos nossos tios e avós ficariam tao horrorizados que seria motivo para sair no Jornal Nacional. E no entanto, percebo que nós, pobres Almeida, Simões, Brandão, não considerávamos uma afronta pessoal, é verdade ou não, pessoal? Mas parece-me que as crianças atualmente não estão sabendo brincar. Vai ser um problema na nossa família de gaiatos, certo?


Observem que entre um e outro tempo foram embora umas três ou quatro décadas. Que mudança.

15 de abr. de 2013

Compartilhando lembranças

Coisa boa é lembrar de eventos marcantes em nossas vidas. Melhor ainda é compartilha-los verdadeiramente.

Eis aqui algo a ser compartilhado. Ano 72/73
http://youtu.be/n2MtEsrcTTs

Estou romântica! Se por acaso não estiverem vendo e ouvindo me dêem um alô, viu gente plugada como a Fernanda que chamou minha atenção para o episodio

Fernanda só hoje liguei o que falei com o que vc falou.
Desculpe-me. Segue abaixo. Adoro esse clip

Os dias lindos

Se há uma época do ano que me encanta essa é a do outono. As cores como um todo ficam tão brilhantes que fica difícil escolher um traje adequado que não lhe fira a harmonia.

Estou olhando pela janela e vendo o tal azul de outono que é difícil reproduzir. Pensando nisso lembrei do poema de Drummond que de todos é o que melhor transmite o que sinto.

Quero compartilhar com vocês. Por favor se permitam tempo para ler até o fim
:

OS DIAS LINDOS
Não basta sentir a chegada dos dias lindos. É necessário proclamar: "Os dias ficaram lindos."
Acontece em abril, nessa curva do mês que descamba para a segunda metade. Os boletins meteorológicos não se lembraram de anunciá-lo em linguagem especial. Nenhuma autoridade, munida de organismo publicitário, tirou partido do acontecimento. Discretos, silenciosos, chegaram os dias lindos.
E aboliram, sem providências drásticas, o estatuto do calor. A temperatura ficou amena, conduzindo à revisão do vestuário. Protege-se um tudo-nada o corpo, que vivia por aí exposto e suado, bufando contra os excessos da natureza. Sob esse mínimo de agasalho, a pele contente recebe a visita dos dias lindos.
A cor. Redescobrimos o azul correto, o azul azul, que há meses se despedaçara em manchas cinzentas no branco sujo do espaço. O azul reconstituiu-se na luz filtrada, decantada, que lava também os matizes empobrecidos das coisas naturais e das fabricadas. A cor é mais cor, na pureza deste ar que ousa desafiar os vapores, emanações e fuligens da era tecnológica. E o raio de sol benevolente, pousando no objeto, tem alguma coisa de carícia.
O ar. Ficou mais leve, ou nós é que nos tornamos menos pesadões, movendo-nos com desembaraço, quando, antes, andar era uma tarefa dividida entre o sacrifício e o tédio? Tornou-se quase voluptuoso andar pelo gosto de andar, captando os sinais inconfundíveis da presença dos dias lindos.
Foi certamente num dia como estes que Cecília Meireles escreveu: "A doçura maior da vida flui na luz do sol, quando se está em silêncio. Até os urubus são belos, no largo círculo dos dias sossegados." Porque a primeira consequência da combinação de azul e leveza do ar é o sossego que baixa sobre nosso estoque de problemas. Eles não deixam de existir. Mas fica mais fácil carregá-los.
Então, é preciso fazer justiça aos dias lindos, oferecer-lhes nossa gratidão. Será egoísmo curti-los na moita, deixando de comentar com os amigos e até com desconhecidos, que por acaso ainda não perceberam o raro presente de abril: "Repare como o dia está lindo." Não precisa botar ênfase na exclamação. Pode até fazê-la baixinho, como quem transmite boato e não deseja comprometer-se com a segurança nacional. Mesmo assim, a afirmação pega. Não só o dia fica mais lindo, como também o ouvinte, quem sabe se distraído ou de lenta percepção sensorial, ganha a chance de descobri-lo igualmente. Descobre e passa adiante a informação.
A reação em cadeia pode contribuir para amenizar um tanto o que eu chamo de desconcerto do mundo. De onde se conclui: deixar de lado, mesmo por instantes, o peso dos acontecimentos mundiais, trágicos, esmagadores, para degustar a finura da atmosfera e a limpidez das imagens recortadas na luz, é um passo dado para reduzir o desconcerto, na medida em que a boa disposição de espírito de cada um pode servir de prefácio, ou rascunho de prefácio, à pacificação, ou relativa pacificação, dos povos e seus dominadores. Em vez de alienação, portanto, o prazer dos dias lindos é terapia indireta.
Pode ser que o desconhecido lhe responda com um palavrão, desses em moda na sociedade mais fina. Não faz mal. Não se ofenda. Ele descarregou sobre a sua observação amical o azedume que ameaçava corroê-lo no íntimo. Livre desse fel, talvez se habilite a olhar também para o céu e a descobrir mesmo certa beleza esvoaçante no urubu. De qualquer modo, foi avisado. Já sabe o que estava perdendo: a consciência de que certos dias de abril e maio são mais lindos do que os outros dias em geral, e nos integram num conjunto harmonioso, em que somos ao mesmo tempo ar, luz, suavidade e gente.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Os dias lindos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977. p. 96-98.